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domingo, 29 de novembro de 2009

Diário para o conto

Diário para o conto

(por Joice Porto)

O projeto foi desenvolvido e aceito com muita animação e entusiasmo por toda a turma 55 (5ª série, do período regular) da E. B. M. Prefeito Reinaldo Weingartner.

Dei início ao projeto falando sobre o que iria ser feito e quais eram os objetivos pretendidos com o trabalho. Em seguida, verifiquei o que os alunos entendiam sobre o gênero diário, e pedi que me trouxessem um caderno para relatar suas experiências, impressões, emoções, segredos etc. Confesso que antes de começar, achei que eles não iriam gostar muito da ideia de escreverem o diário todos os dias, mas para minha surpresa, todos aceitaram a proposta e ficaram animadíssimos.

Na aula seguinte, levei para a sala alguns exemplos de diário, fiz a leitura e conversamos a respeito das características do gênero. A seguir, deixei os alunos (que estavam muito ansiosos) escreverem e personalizarem seus diários, ao som da banda Jota Quest. O mais interessante, nesse dia, foi observar que os alunos deram outros nomes/títulos aos diários, recortaram e colaram figurinhas, imagens e fotos, e até juntaram-se em grupos para trocar ideias a respeito do que estavam escrevendo.


Nas aulas seguintes, assistimos ao filme “Escritores da liberdade”, que retrata, de uma forma comovente e instigante, as dificuldades que uma professora enfrenta para lecionar a uma turma de adolescentes considerados "turbulentos", inclusive envolvidos com gangues. Ao perceber os grandes problemas enfrentados por tais estudantes, a professora Erin resolve adotar novos métodos de ensino, e entrega aos seus alunos um caderno para que escrevessem, diariamente, sobre aspectos de suas próprias vidas, desde conflitos internos até problemas familiares. Além disso, a professora indica a leitura de diferentes obras sobre episódios cruciais da humanidade, como o célebre livro "O Diário de Anne Frank", com o objetivo de que os alunos percebessem a necessidade de tolerância mútua, sem a qual muitas barbáries ocorreram e ainda podem se perpetrar. Foi estudando a história do holocausto que a turma 203 passou de guetos para uma única família sem preconceitos, onde se sentiam bem, felizes e motivados para mudarem de vida.

Após o término, conversamos, refletimos e comparamos algumas situações da realidade em que vivemos com a história do filme, e depois, pedi para que os alunos relatassem no diário.

Para finalizar o estudo do gênero, li trechos de dois livros que se tornaram importantes registros históricos - “Diário de Anne Frank” e “Diário de um Cosmonauta” – com o objetivo de mostrar aos alunos que o diário não é o lugar onde se escreve apenas relatos, segredos e confissões pessoais.

Depois de duas semanas debruçados sobre o diário, foi hora de apresentá-los o gênero conto. Para dar início, fiz a leitura de uma versão adaptada do conto “Chapeuzinho vermelho” de Andersen, a fim de abordamos a temática da desobediência da menina à mãe, suas conseqüências, e a proximidade do texto com a realidade vivida hoje. Em seguida, no data-show, apresentei a estrutura e as características do gênero, fazendo sempre um diálogo com o conto lido. Distribui os textos “O primeiro beijo” de Clarice Lispector, “A morcega” de Walcyr Carrasco e “Romeu e Julieta” de Shakespeare, fizemos a leitura em voz alta e conversamos sobre a temática e a estrutura de cada um deles.

Após a apresentação e análise do gênero conto, os alunos iniciaram a produção. Esse foi um dos momentos cruciais do projeto - a escolha da temática ou de alguma história que o diário continha para transformar em conto -, porém a mais trabalhosa. Os alunos tiveram muitas dificuldades, primeiro, para fazer a escolha, depois para fazer a adequação da narrativa ao gênero. Foram muitas idas e vindas à minha mesa em busca de ajuda. Em muitos casos tive que direcionar e orientar a escrita.

Ao longo da execução do projeto me surpreendi muito, pois a cada aula acontecia uma reação positiva diferente: recados, elogios e agradecimentos carinhosos eram feitos nos diários e trazidos para eu ler; palmas e gritos de alegria quando entrava na sala; atenção total nos momentos em que eu lia para eles; enfim, eles gostavam tanto, que mesmo quando estavam sem aulas (falta de outro professor, por exemplo), vinham me pedir para ficar na sala com eles. Outra coisa que me surpreendeu bastante, foi em relação a confiança que eles depositaram em mim ao permitir que eu lesse algumas histórias da vida deles que estavam relatadas nos diários.

Para concluir, gostaria de salientar que dessa experiência tirei muitas lições e reflexões a respeito da minha didática e metodologia, e percebi que uma simples proposta, pode revolucionar as tradicionais aulas de português, contribuindo tanto para o estudo contextualizado e gradativo da língua, quanto para o desenvolvimento pessoal, social e político do aluno.



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terça-feira, 10 de novembro de 2009

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

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